terça-feira, 30 de março de 2010

A ignorância ilustrada da mídia anti-Lula: quem aqui é estalinista?

A ignorância ilustrada da mídia anti-Lula: quem aqui é estalinista?


O jornalista Adalberto Piotto, da CBN, soltou uma recente declaração, em conversa no ar com a colega Rosean Kennedy, por volta das 14h40 de 25/3/2010, que é mais uma pérola do que a má vontade política ou o cacoete oposicionista pode trazer de prejuízo a um jornalismo decente.

Repercutindo as declarações do Presidente Lula sobre suposta má fé da imprensa brasileira na cobertura dos feitos do seu governo, Piotto terminou seu comentário dizendo que “depois o Presidente reclama quando lhe acusam de estalinista”.

Ora, o Presidente Lula externou sua opinião aberta e publicamente, pra quem quiser ouvir, e pra quem quiser repercutir fazê-lo à vontade, como o fizeram Piotto e os grandes meios de comunicação nacionais, aliás com manchetes de capa.

Isso é o oposto do estalinismo!

Sob o regime totalitário de Stalin, na antiga URSS, como sabe qualquer estudante de ensino médio, não havia liberdade de expressão, nem de organização e nem de participação. Era uma ditadura de partido único, com censura generalizada, sindicatos atrelados ao Estado e perseguição implacável de opositores. São famosos, a esse respeito, as deturpações da história, como as adulterações descaradas de fotos e outros documentos – para eliminar do passado a presença de opositores do governo –, e o extermínio físico desses opositores, inclusive de toda a velha guarda do partido bolchevique, nos famigerados “Processos de Moscou”.

Não havia também qualquer liberdade de imprensa e um dos únicos canais de que a população soviética dispunha para se informar sobre os acontecimentos do país e do mundo era o jornal estatal “Pravda”, que, pra quem não sabe, significa “verdade” em russo.

O destempero com que a grande mídia brasileira costuma receber as críticas que lhe são feitas faz pensar que o sonho dos seus proprietários e serviçais é ver suas publicações estamparem verdades tão incontestáveis como as do velho diário soviético. Como fizeram na era tucana, quando a privatização e o Estado mínimo se tornaram a panacéia que só os estúpidos da esquerda não aceitavam. Provavelmente, se expusessem seus mais íntimos desejos, seus veículos se denominariam “Pravda de São Paulo”, “Rede Pravda”, “PraVejada”, “CBNPravda”, e por aí vai...

Com esse tipo de “jornalismo” cada vez mais a tese de Paulo Henrique Amorim, sobre a existência no Brasil de um PIG (Partido da Imprensa Golpista) vai encontrando comprovação empírica para se tornar uma constatação científica.

Em tempo: quando Lula fundou o PT em 1980, explodia na cidade portuária polonesa de Gdansky, um forte movimento operário, liderado por Lech Walessa, de contestação da ditadura totalitária (satélite da URSS) do governo do general Yaruselsky, com ousadia para fundar um sindicato independente: o Solidariedade. O PT foi o primeiro partido brasileiro, e por muitos anos o único, a apoiar essa luta.

Uma mídia que se encaixa tão perfeitamente no figurino do Cidadão Kane, de Orson Wells, não devia ficar muito horrorizada com o legado do estalinismo. E deveria lavar a boca antes de imputá-lo a qualquer um.

Kleber Chagas Cerqueira

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