quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA.
João Monlevade
Para um profissional da educação pública, há décadas lidando com estudantes, escolas e gestores, soou como orvalho fecundo o novo lema adotado por Dilma em seu atual governo: “Brasil, Pátria Educadora”.
Não se trata somente de um lema ou uma palavra de ordem. A proposta é muito mais valiosa: mais profunda na concepção, mais universal na abrangência. 
Depois de milhares de anos de educação indígena, que resultou em centenas de línguas, mitos e ritos, e numa tecnologia muito simples, a educação portuguesa se impôs pela força e se expressou em uma agência educativa, de professores e alunos. Ficou confinada aos colégios jesuíticos, às Aulas Régias de Pombal, aos poucos liceus do Império, às milhares de escolas que a República foi abrindo nas cidades e no campo. A educação minguou: a instrução limitou-se a disciplinas mal aprendidas. Fora da escola, vingaram práticas deseducativas, de valores dúbios, tocadas pelos interesses do capitalismo e pelos atrativos da corrupção. Em vez de lei educativa, o país assiste e obedece à Lei de Gerson, de tirar vantagem: individual, de grupo ou de classe. Não há projeto de educação de qualquer ente federado: município, estado ou país.
Daí a novidade desafiadora da proposta da presidente: “Brasil, Pátria Educadora”. Entendamos Pátria como uma unidade cultural, pluralista nas origens e nas ideias, mas unitária nos seus valores de cidadania democrática. Um conjunto de sujeitos que se propõem educar e ser educados: nunca objetos de estranhos interesses, mesmo de quem se ache educador privilegiado. Pátria Educadora, porque todas as pessoas se educam, toda a natureza se ordena para educar, todo espaço deve ser construído para os processos e projetos educativos. Tarefa difícil, mas tão possível como o primeiro voo de Santos Dumont, como o primeiro mandato presidencial de um operário e o segundo de uma mulher. Vamos nessa!